domingo, 20 de dezembro de 2009

Corpos / Beleza


A dolorosa constatação do envelhecimento, a sua consequente negação através de toda sorte de práticas e comportamentos que visem a disfarçá-lo, a glorificação da juventude e das mulheres jovens de maneira geral.
Dessa forma, se vangloriam por suportar tamanho acúmulo de tarefas e ainda ter disposição para malhar pesado. Uma espécie de compensação às avessas, uma vez que em momento algum valorizavam as experiências acumuladas ao longo da vida.
Ao que parece, seguiam a importância de estender ao máximo a sensação de juventude, vivenciada através de atributos como a resistência, a disposição e a força, que as fazem capazes de levar um a vida de jovens heroínas, cujos corpos, carregam a profundidade de uma Barbie _ esticada, lisa, loura e morena. Em uma versão da imagem da boneca: uma Barbie marombada e plastificada.
Sobre a questão do envelhecimento, é curioso pensar que, parece não haver lugar para uma substituição de interesses e valores que supomos viessem naturalmente com o avanço dos anos. Se, por um lado, verificamos, em relação ao grupo de mulheres mais velhas, uma atitude que mais parece de cópia de hábitos jovens, com a tentativa de manter a aparência o mais parecida possível com a da juventude atual, por outro, indica querer ocupar um lugar de referência e admiração em relação às meninas mais novas.
No entanto, a expectativa de valorização não viria em função da experiência de vida acumulada com a maternidade, com a experiência profissional ou mesmo com o casamento ou vida amorosa, mas por meio da manutenção de uma imagem corporal conservada às custas de muito suor e dor.

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