sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Cirurgia Plástica


Quais os ideais de feminilidade que motivam a fazer uma cirurgia plástica? A indagação feita nos induz a levar esse assunto para o campo das academias que traz contribuições para essa discussão. Sabemos que muitas das motivações presentes na frequência a uma academia também constam na decisão de se submeter a uma cirurgia plástica.
Dentre as motivações mais comumente mencionadas estão o desejo de resgatar uma aparência jovem e, para aquelas que estão casadas, o desejo de se manter fisicamente atraentes, seja para si mesma, seja para, imaginariamente, afastar a competição de mulheres mais jovens e/ou atraentes para seus parceiros.
Retardar ao máximo os sinais de envelhecimento mostrou-se uma preocupação. Manter-se em condições de competir com as meninas mais jovens também faz parte desses ideais, na medida em que demonstram interesse em parecerem sedutoras aos olhos de homens mais jovens com os quais desejam relacionar-se.
Quero argumentar um histórico com base de ordem econômica, cujo tema trata da beleza como variável econômica e de que forma ela afeta o mercado de trabalho. Vemos que beleza, além de ser capital, tem um contraponto na feiúra: pessoas feias, sobretudo gordas, tem menos chances de serem empregadas, ganham salários menores e dificilmente são escolhidas quando concorrem com pares de "melhor aparência". Isso cheira a discriminação! Mas, nos dias de hoje o padrão de beleza ganhou força e, muita.
Em uma análise mais aprofundada da questão _ atribui o crescimento da indústria da beleza e a popularização da cirurgia plástica a mudanças estruturais nas condições de trabalho, ou seja, mais mulheres trabalhando tem como consequência um mercado mais competitivo. Por sua vez, tal fato estimula o sentimento de vaidade e o medo de envelhecer.
As práticas de embelezamento e retardamento do envelhecimento acabam tornando-se obrigatórias/normativas, na medida em que geram exclusão ou, ainda tornam-se um mecanismo fundamental para a mulher se sentir em condições de igualdade para competir e de eliminar a concorrência.
A motivação para fazer a cirurgia plástica é o fato de o discurso da cirurgia incorporar-se ao imaginário social como algo que é feito para o bem-estar da mulher.
Contudo, se pensarmos como nos constituímos a partir do olhar do outro, essa oposição estaria inserida na própria constituição do sujeito, na qual o equilíbrio entre o espelho e a imagem vai ser determinante na estruturação psíquica.

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