Para a mulher, a beleza é representada como um dever cultural. A imagem da mulher pública é sempre associada à sua aparência, apresentação e atração.
O que é normativo para a mulher contemporânea não é o fato de os modelos de beleza serem impostos, uma vez que o discurso sempre foi esse, nem mesmo de que seja dito que ela deve ser bela, mas o fato de se afirmar, sem cessar, que ela pode ser bela, se assim o quiser.
Os fabricantes de beleza retomam a possibilidade de beleza, transformando-o não apenas em uma obrigação, mas, sobretudo, em uma facilidade _ apenas uma questão de escolha e de vontade.
A multiplicação das técnicas corporais e a difusão cada vez maior de modelos de beleza provocaram uma pressão com relação ao autocontrole. O mais importante para a mulher em programa de cuidados próprios é aprender como se educar eficazmente par um melhor resultado. As mulheres devem aprender a cuidar de seus corpos durante toda a sua vida e, mais ainda, devem acreditar que isso é lúdico.
A lógica das práticas corporais, que associa o prazer à saúde, vitalidade e beleza, promete eliminar a inquietude que o olhar do outro provoca, através do esforço, determinação e disciplina, apontando todo o tempo para a responsabilidade do sujeito.
A publicidade veicula, em relação ao sujeito que não se encaixa nos padrões difundidos, uma ideologia que o leva a um sentimento de fracasso, como se aquele que não correspondesse ao modelo de beleza demonstrasse sua incapacidade, sua impotência diante do seu próprio corpo.
Enquanto, nos séculos passados, podiamos culpar a natureza, na contemporaneiade, a negligência é a responsável, e a culpa é individual. A eficácia das práticas disciplinares é maior quando não são vividas como demandas externas ao sujeito, mas como comportamentos autogerados e auto-regulados. As transformações corporais como práticas que são consumidas e experimentadas ao nosso próprio corpo, como por exemplo, a cirurgia plástica pode ser encarada como bem de consumo.
Assim, o prazer é, irreversivelmente, associado ao esforço; o sucesso, à determinação.
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